DIA 16 DE NOVEMBRO ESTIVERAM PRESENTES NA CÂMARA DOS VEREADORES DA CIDADE DE SÃO PAULO MAIS DE OITENTA PROFSSIONAIS DA DANÇA EXIGINDO A AMPLIAÇÃO DE RECURSOS PARA O PROGRAMA DE FOMENTO À DANÇA, TRANSPARÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS E AMPLIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE DANÇA A FIM DE ATENDER A DEMANDA EXISTENTE NA CIDADE.
MOMENTO DE FESTEJAR MAIS UMA VEZ A MOBILIZAÇÃO DA DANÇA PAULISTANA !
MOMENTO TAMBÉM DE ESTARMOS ATENTOS !
ESTAMOS EM FASE DE VOTAÇÃO DO ORÇAMENTO PARA 2012. O MOMENTO É ESSE. A HORA É AGORA ! NOVAS MOBILIZAÇÕES VEM PELA FRENTE ! PARTICIPE !

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20 outubro 2010

OS INCENDIÁRIOS E OS BOMBEIROS DA VEZ .

Deveria talvez  relatar o que discutimos e deliberamos ontem na reunião da FUNARTE/SP, mas preferi neste momento, deixar isso por conta dos presentes (em torno de quarenta e cinco pessoas entre artistas, diretores de cias., produtores,etc), pois tenho certeza que eles farão isso muito melhor que eu. 

Hoje teremos mais uma reunião na Teatro Coletivo, 19h00 - onde o teatro e a dança estarão juntos para essa grande mobilização em defesa da LEI DE FOMENTO. Certamente sairemos de lá com outros encaminhamentos e deliberações. Espero contar com a presença mais intensa da DANÇA, numa momento em que precisamos unir forçar para evitar que um mal pior se estabeleça.
Para não frustrar àqueles que vieram em busca dessa informação, abro espaço para a postagem de mais uma amiga desse espaço virtual. Vale a pena ler, refletir e comentar. Principalmente porque esse blog tem seguidores de vários estados do país e de fora dele, e é necessário deixá-los à par do que realmente acontece com a cultura na cidade/estado de São Paulo.

OS INCENDIÁRIOS E OS BOMBEIROS DA VEZ
(por Calu Baroncelli)

Acabo de retornar de mais uma reunião, agora com a Dança, para discutir o decreto de fevereiro de 2010, que impõe algumas modificações nefastas nas Leis de Fomento ao Teatro e à Dança no município de São Paulo. Poderia eu aqui informar aos ausentes o que foi debatido, esclarecido e deliberado nesta reunião, mas prefiro neste momento não fazê-lo.

E só pra esclarecer, não me oponho de maneira alguma às decisões que nós, artistas e cidadãos, queremos tomar à frente desse fato, muito pelo contrário, estou participando, inclusive, para engrossar o nosso coro e aumentar a nossa voz para que esta nova questão se resolva, para o bem de todos.

Mas não posso deixar de lado o que sempre me ocorre à cabeça quando deparo com este tipo de situação: por que a grandissíssima parte das mobilizações ocorrem a partir de fatos pontuais? Será que somente nos unimos, dadas as devidas proporções, para tentar apagar incêndios causados pela administração pública? Fora a questão do Fomento, a cidade de São Paulo está a mil maravilhas, um verdadeiro paraíso cultural? Não, não, colegas. Não está. E não está faz um tempo.

Vamos recapitular algumas coisas. Vou começar pelos CEUs, implementados na gestão Marta, que nasceram de uma iniciativa da prefeitura em questão para integrar Educação, Cultura e Esportes, em locais pouco ou nada favorecidos na cidade, tendo como diretrizes fundamentais a promoção ao acesso ao patrimônio, o fomento à produção artística e cultural destas regiões com projetos de formação e ampliação do espaço de participação e reflexão quanto à diversidade e os direitos culturais. Este projeto pretendia obter maiores resultados A LONGO PRAZO, pois atendia especialmente o público em idade escolar, inclusive das escolas do entorno dos CEUs, em conjunto com toda a COMUNIDADE local.

Haviam projetos para todas as idades e públicos: as EMIAS, as Big Bands, o Teatro Vocacional, as oficinas de vídeo, fotografia, canto coral, as Orquestras de Cordas, o projeto Formação de Público, as Sessões de Cinema, a formação de cineclubes, as temporadas de espetáculos infantis e adultos, a Mostra de Dança Contemporânea, projeto Música na Rua e A Face Oculta da Música Brasileira, dentre outros mais.

Posso escrever até um dossiê, pois tive o grande prazer de atuar como coordenadora de cultura de um CEU desde sua inauguração, em 2003, este inclusive contemplado inclusive com uma honrosa visita do Peter Brook aos jovens do Vocacional. Além disso, a construção de mais 21 novos teatros públicos, ateliês e estúdios de vídeo e música muito bem equipados (com exceção do erro arquitetônico das coxias e da quadra em cima do teatro, que ainda assim não desqualifica o todo, vá lá) de forma a descentralizar a atividade cultural do município.

Acredito que, desde a gestão Erundina, a cidade de São Paulo não havia trabalhado tanto na área da cultura e pela cultura como um todo. Nesta mesma gestão, foi implementada a Lei de Fomento ao Teatro, uma conquista da categoria, o VAI, a abertura da Galeria Olido, além da reabertura das Casas de Cultura que ficaram entregues às moscas e baratas nas (indi)gestões Maluf e Pitta, a realização da I Conferência Municipal de Cultura, dentre outras coisas.

O que nos restou?

Pois bem, entrou o Serra na prefeitura, e vimos um mundo ruir: ele simplesmente acabou com a "espinha dorsal" dos CEUs, entregando a gestão das atividades culturais, antes definidas pela Secretaria de Cultura, diretamente para a secretaria de Educação que, me desculpem, não tem o mínimo aparato técnico e muito menos visão cultural para administrar estes equipamentos, ainda que sejam equipamentos educacionais.

As Big Bands e Orquestras de Cordas acabaram, as EMIAS foram substituidas por ONGs que contratavam profissionais pouco ou nada experientes por 7,00 a hora, quando muito, dentro do tal projeto de Período Integral que passou a atender o público somente das escolas dos CEUs, excluindo o entorno, num verdadeiro retrocesso ao acesso democrático, o projeto Formação de Público foi extinto, as temporadas de espetáculos foram pro saco (mas claro, pra abrir caminho pra Regina Duarte) junto com os shows musicais, além de boa parte dos espaços serem ocupados pelas Fábricas de Cultura, projeto do Governo do Estado, sobrando apenas o Teatro Vocacional ali dentro.

Além, claro, da exoneração de todos os coordenadores de cultura que, em sua grande maioria, entraram por um processo seletivo difícil, e entregaram os cargos de cultura aos peões eleitorais e como troca de favores. Estive em 3 CEUs, no mês de abril, com uma produção contemplada pela Funarte e o que mais ouvi foi: "Puxa, que bom, fazia tempo que não vinha nada pra cá!" ou "ah, sempre temos shows do pessoal aqui da região, mas faz um tempo a secretaria ´não manda nada de fora´ pra gente", além de me enraivecer com alguns supostos profissionais que simplesmente não davam a mínima pra nada, mostrando-se realmente como um bando de acomodados preguiçosos no cargo que ocupam.

Fora a questão dos CEUs, que estão simplesmente ESQUECIDOS, inclusive por nós, artistas e produtoresculturais, nos deparamos, de tempos em tempos, de lá pra cá, com uma porção de sustos em relação às Leis de Fomento, os incêndios que temos que correr pra apagar. Isso sem contar a Virada Cultural, projeto de grande "visibilidade" que come, em apenas 24h, em torno de 30% do orçamento anual para a Cultura. O que vai para as 8.736 horas do restante do ano? E todo mundo acha lindo apenas uma vez por ano o poder público atuar numa programação que ganha destaque, por conta do tamanho e grandiosidade do evento, e não propriamente, porque prima pela qualidade e pela intenção de transformação no cenário cultural da cidade.

Ano passado, trabalhei no Congresso da ISPA e tive o grande desprazer de ouvir o coordenador da Virada lançar o seguinte disparate, quando questionado da centralização da Virada: que a periferia não é contemplada com grandes apresentações porque "eles só gostam de RAP". Meu Deus!!!! Quão desinformados e despreparados andam os gestores desta administração pública? Até quando um público menos favorecido deve ser subestimado?

E o PL 09/2010, pra transformar o Theatro Municipal em Fundação? Não nos interessa discutir? Este Theatro que desde a direção da Lucia Camargo vem sofrendo um grave processo de desmoralização, obviamente proposital porque justifica uma privatização. "Não funciona, privatiza, terceiriza". Mentira, porque, apesar da minha pouca idade, me lembro que o diretor Emilio Kalil fez uma gestão exemplar, provando por A+B que é possível haver uma administração pública com qualidade - basta ter vontade e preparo para tal. Não temos exemplos suficientes destes problemas, nos espelhando na gestão estadual da qual esta administração municipal segue o mesmo caminho e que reclamamos tanto? Vamos morrer com a reclamação e só?

Vejam bem. Enquanto fazemos grandes mobilizações tendo como pauta um decreto, um detalhe, pra apagar um incêndio pontual, estes senhores riem de nós tratando-nos como birrentos, porque enquanto mantemos nossa atenção voltada aos detalhes, eles já estão incendiando o todo!!

Por isso insisto nesta tecla de que as mobilizações devem ser organizadas em conjunto com coletivos de outras linguagens, além da Dança e do Teatro. Isto fortalece nosso discurso, nossa argumentação e mostra à todos, inclusive à administração pública que ESTAMOS ATENTOS À CULTURA COMO UM TODO  E QUE A LEI DE FOMENTO É UMA CONQUISTA DA CLASSE ARTÍSTICA MOBILIZADA, FORTE E UNIDA ! NÃO NOS CUSTA NADA CONSCIENTIZAR E MOBILIZAR TAMBÉM A SOCIEDADE EM GERAL PARA ESSA QUESTÃO ! VAMOS COMEÇAR ?

Calu Baroncelli

artista, produtora cultural e cidadã paulistana


* à quem possa interessar, estiveram presentes ontem na FUNARTE/SP artistas independentes, organizações e núcleos artísticos representativos da categoria: Cooperativa paulista de Dança, Cooperativa Cultural Brasileira, Mobilização Dança, Convoca Dança, Núcleo Artístico Vera Sala, Avoa! Núcleo Artístico, Núcleo Artístico Luis Ferron, Cia. Damas e Bucanêros, Caleidos Cia. de Dança, Cia. Key e Zetta, Cia. In Corpo Ar,  Cia. Fragmento de Dança, Núcleo de IMprovisação, Cia. Borelli de Dança, Radar Cultural, Cia. Druw, Núcleo Artístico Marcos Moraes, Gil Grossi, Suzana Bayona, Luis Ferron, Calu Baroncelli, Solange Borelli, Esther Góes, Mariana Gomes Molinos, Djalma Henrique F. Moura, Elizandro Carneiro, Marisa Vergolino, Isabel Monteiro, Juliana Moraes, Carolina Callegaro, Laila Padovan, Luis Ramos, Renata Baima, Melina Fernandes Sanchez, Veronica Giordano, Odete Machado, Sandro Borelli, Douglas Silva de Jesus, Isabel Marques, Larissa Verbisch, Gabriela Neves, Vera Sala, Maria Mommensohn, Raymundo Costa, Carolina Mirozzi, Monica Bammann, Selene Marinho, Vanessa Macedo, Julia Monteiro Viana, Maíra Nunes Barbosa, Claudia Ferraresso, Danilo Firmo, Mariana Souza Gomes, dentre outros que esqueceram de assinar a lista. 




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