DIA 16 DE NOVEMBRO ESTIVERAM PRESENTES NA CÂMARA DOS VEREADORES DA CIDADE DE SÃO PAULO MAIS DE OITENTA PROFSSIONAIS DA DANÇA EXIGINDO A AMPLIAÇÃO DE RECURSOS PARA O PROGRAMA DE FOMENTO À DANÇA, TRANSPARÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS E AMPLIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE DANÇA A FIM DE ATENDER A DEMANDA EXISTENTE NA CIDADE.
MOMENTO DE FESTEJAR MAIS UMA VEZ A MOBILIZAÇÃO DA DANÇA PAULISTANA !
MOMENTO TAMBÉM DE ESTARMOS ATENTOS !
ESTAMOS EM FASE DE VOTAÇÃO DO ORÇAMENTO PARA 2012. O MOMENTO É ESSE. A HORA É AGORA ! NOVAS MOBILIZAÇÕES VEM PELA FRENTE ! PARTICIPE !

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06 janeiro 2011

É possível pensar a dança além dos editais ?

 Como encarar essa questão de frente ?

17 comentários:

  1. Sim, afinal é o que fazemos a tantos séculos. A pergunta é se possível sem recursos. Se, no mundo contemporâneo, entendemos o mercado cultural excludente, paternalista ou coletivizado. Se podemos nos eximir de compreender o valor econômico do que fazemos artisticamente. Essa questão vai de encontro a grande parte da crença de nossa atividade e, ousaria dizer, de nossas lacunas de informação do mundo tal como ele se apresenta.
    Talvez pudessemos pensar inclusive com os editais.
    Ou seja, no meu ponto de vista, urge pensar políticas públicas para cultura, entendendo nosso fazer artístico embricado com formas sociais e econômicas de convivência. Editais sim, mas atenção.
    Não haveria opostos, nem dissidentes, e sim o desafio de articular com o pouco que se dispõe.
    Não digo com isso que os editais são absolutamente benéficos ou maléficos. São parte do jogo.
    Quem quer jogar xadrez?! .... (na concepção clássica de raciocínio/instinto e não em uma visão competidora)...
    Abraço aos colegas
    Nirvana

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  2. Acho possível sim, mas precisamos ter o cuidado de avaliar a atuação do poder público nesta breve história de editais para a dança neste pais.
    Como ainda não há uma política pública decente para a área, os editais vieram para melhorar minimamente o cenário de terra arrasada que se solidificou por anos através de políticas e de gestores nefastos espalhados por este Brasil.
    A demanda é gigantesca para os míseros e minguados editais existentes que mais parecem esmolas para artistas ainda desagregados, apesar dos avanços e inúmeros movimentos que aos poucos se formam pelo país.
    Acredito que o ideal para as artes seria avaliar os editais, ampliá-los urgentemente para em seguida entramos de fato num momento mais maduro e profissional na convivência entre artista e não ausentar poder público,
    Não se pode tirar o ônus do estado neste processo, tem e deve estar presente e tomarmos o devido cuidado quando falamos no poder privado, pois seu entendimento sobre arte geralmente transita pelos imediatismos midiáticos, tão terrível e burra quanto a falta de política pública.
    Para pensar a dança além dos editais será preciso realmente sermos altruístas, agir em favor do coletivo, sem egos!!O esforço da classe se tornará gigantesco pois, poderá ser necessário aproximar uma elite pensante “e são poucos” da iniciativa privada que tenham uma visão qualificada e as secretarias deverão continuar investindo mais e mais, ou seja, uma luta inglória, pois poucos entrariam para valer, de corpo e alma nesta batalha.
    Mas acho possível, pois não há muitas saídas e muitos artistas ainda não se deram conta do perigo que ronda as suas cabeças.
    É preciso pensarmos “para ontem” num plano de ação e metas para o próximos governantes da cidade de São Paulo (as eleições para a municipalidade estão chegando) e acionarmos mecanismos inteligentes para dialogarmos com o poder estadual que há muito pratica uma política perversa e nefasta para as artes e ainda pouco se gritou.
    A arte precisa voltar a ser revolucionária e panfletária e se libertar do seu próprio processo criativo e do discurso vazio.

    Sandro Borelli - Fundador e diretor da Cia. Borelli de Dança e Vice presidente da Cooperativa paulista dos trabalhadores de Dança

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  3. SIM, è urgente pensar a dança para além dos editais. Em primeiro lugar precisamos fortalecer e muito o sentido de valor daquilo que fazemos. Não adianta busca-lo dentro do pensamento economicista que rege nosso momento mundial. Esse pensamento não tem interesse no potencial da cultura, a não ser em seu aspecto economico no sentido de oportunidades de lucro. Portanto, o mero fato de pensarmos sobre isso é um ato político e sem essa consciência estaremos sendo inocentes e ineficazes. Em segundo lugar é preciso desenvolver indicadores sobre a realidade da atividade da dança no país. Sem eles nossos argumentos no embate com o pensamento hegemônico ficam debilitados. E em terceiro é fundamental o trabalho coletivo, seja no plano político, na discussão estética ou na articulação de estratégias de sustentabilidade e desenvolvimento de nossas atividades. Aí é que precisamos trabalhar mais duro, pois ainda domina em nosso meio uma insegurança sobre este terreno do comum, como algo que ameaça o indivíduo ao invés de potencializá-lo. E sinceramente não acredito mais em nada que não possamos compartilhar e ampliar a partir do encontro. Temas para aprofundar e creio que esse forum que você está organizando, Solange, é uma atividade muito importante e bem vinda! Muito sucesso!

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  4. Sim, Solange, perfeitamente. Mas o fato é que precisamos todos de uma compreensão mais eficaz, métodos e direcionamentos que nos apontem reais caminhos para sustentabilidade, isso acredito, é o que nos une. Mesmo diante das especificidades e peculiaridades regionais, acredito que o norte terá que ser apontado e ou até edificado por nossa classe. Posso aqui articular alguns encontros do Fórum de Dança de João Pessoa e propor documentos com ênfase na questão. Abaixo te remeto o resumo do que já vínhamos discutindo. Estarei acompanhando as discussões todas que estão surgindo aí, mas gostaria de trazer você ou alguém afinado com esta construção para um debate, ou ciclo de depoimentos. Percebo que um dos maiores desafios será harmonizar as práticas e os discursos diante da realidade entre viabilidade econômica/formação de platéias e experimentação estética, pesquisa, laboratório e estudos acadêmicos. Além dos fatos de que deveria a arte ser objeto do lucro e dos processos competitivos do mercado? Deveríamos tornar toda manifestação artística patrimônio da humanidade e assim obter mecenato do Estado constante? Se sim, de que forma se dariam os fomentos e que critérios de avaliação/seleção seriam mais justos para atender a uma colossal demanda na área? Há possibilidade de alinhavar estes caminhos? São tantas as questões que de fato podemos nos perder entre elas. Isto é uma obviedade para poucos na área de dança, que infelizmente pensa o político muito recentemente aqui no Brasil. Mas se por acaso colecionarmos experiências e ações que lograram êxito além do convencional e do stablichment, se pudermos propagar e trocá-las entre nós e grupos, coletivos, fóruns e associações, haveria uma grande chance de nosso poder aumentar, de participação e de ação eficaz e até o poder de negociação com todas as outras instâncias. Sei também que agora sabemos que existem muitos inquietos e sedentos por aí e descobrir pessoas como você nos alimenta de esperança e combustível. Rede é a palavra, a ferramenta que no momento temos de mais factível. Abraços.
    Por Vant (João Pessoa - Paraíba)
    Vant Vaz
    Coletivo Tribo Éthnos 20 anos
    www.triboethnos.org

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  5. Interesante como é ciclica a necessidade da sociedade em rediscutir suas formas de negociações. Sejam elas de que fundo forem. Fato é que são reavaliadas periódicamente.
    Discutir a sustentabilidade de um empreendimento cultural ou da manutenção de processos de formação compreende também discutir estratégias para captar, gerar e gerir meios que dão fluência a idéias, projetos e ações que dão suporte a construção de futuros do planeta. É muito complexa a rede e cada um dos cruzamentos que tecem esta rede.
    Ao compreendermos a malha de produtores que vão da categoria de micro empreendedores, a até de super empresários, vamos nos deparar com relacionamentos gerados através da compreensão da dimensão comercial que os setores das artes são capazes de estabelecer.
    Quando me refiro ao produtor tomo como exemplo, o artesão que consciente de seus próprios talentos e capacidades, vai criando suas formas de gerar sua sobrevivencia. Movido por este principio, vai aprimorando e profissionalizando seu fazer, acreditando que trabalhar o faz crescer e atingir seus objetivos materiais e espirituais. Ele vai se estimulado a cada pequena expectativa de melhora de vida para si e para todo o seu entorno. Ele busca meios e inventa métodos para aumentar sua produção, e além de sobreviver, envolve outros complementares, estabelecendo uma intrínseca rede de relacionamentos deveres e obrigações. Consequentemente se especializa cada vez mais na busca retornos.
    O que chamamos de – mercado - no campo das artes e da cultura está ligado a uma rede de profissionais que se alimentam com o sucesso e existência uns dos outros. Somos interligados mundialmente e fazemos circular recursos, impostos que são redistribuidos para toda a cadeia produtiva. Os métodos de sustentabilidade institucionalizados pelas ações governamentais ao longo dos tempos para atender a demanda destes produtores, apesar de bem intencionadas, ainda não são eficazes. E dependerá de constante diálogo e dinamismo para implantação de politicas sociais e transversais que atendam ao grau de aprimoramento que os empreendimentos artisticos culturais atingem. As produções artisticas, que são uma perna do setor produtivo da Cultura, permeiam e se transversalizam com o desenvolvimento cientifico e tecnologico em geral, com os processos educacionais, são elementos para economias como o turismo, a publicidade, estão nos esportes, etc.
    Processos de mecenato aplicados talvez não sejam mais tão eficazes no tempo presente... Mas continuam sendo necessários. O risco é imaginar que são os unicos meios, pois podem difundir uma sensação de retrição de possibilidades de empreendimento. Uma revisão social e uma atualização de conceitos sobre a difusão e profusão das artes seguramente nos mostrará outros caminhos por onde estão se dando os processos de geração dos recursos que movem a economia dos setores da cultura.
    A possibilidade de aprofundar nas discussões para além dos atuais mecanismos de financiamento, ou seja, os editais tais como estão formatados no momento, é uma emergência, pois engrossa o coro que pede reformas no legislativo e judiciário do país com uma reflexão social maior, o que no “mínimo” promove um aspecto propositivo de maior qualidade.
    As discussões são complexas, pois a diversidade de pontos a ser abrangidos é imensa, mas estamos no mais preclaro momento para atuar como situação e oposição ao mesmo tempo. Vamos fazer valer nossa capacidade de construir nosso presente e futuro no planeta.

    PS- em momento algum deste texto citei a Dança como foco único. Penso que os artistas e fazedores da dança brasileira têm cada vez mais clareza do seu lugar nesta complexa apropriação da nação por aqueles que a constrõem.

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  6. Essa discussão é muito pertinente, pq a dança não pode ficar dependente de editais que, por sua vez, estão a mercê das intenções dos gestores públicos que tem a gerência desses editais. Como gestor público, de 2006 a 2010, em São Leopoldo e agora entrando no governo do estado do RS, acredito que temos que sim cuidar dos editais sejam transparentes e permanentes, mas também um gestor público tem que oferecer a seus pares condições para que o artista possa desenvolver suas pesquisas. E isso não quer dizer sempre aporte financeiro, mas sim aporte institucional e logístico, sem que isso implique na interferência do processo e/ou produto artístico. Acredito que o estado deva ser laico e "neutro" em suas escolhas a quem irá apoiar, no sentido de que os critérios sejam adequados dependendo do tipo de apoio que for oferecido.
    aabraços. MF

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  7. Esse é um tema muito importante e que sucita discussões tanto no âmbito das políticas públicas quanto com a relação da dança com o mercado. Políticas culturais para a dança não podem e nem devem ser entendidas como sinônimo de edital, pois este é um mecanismo. As políticas precisam ser estruturadas em programas, projetos e ações para a dança, que prevejam diferentes configurações para o fomento da área da dança. Discutir a relação da dança com o mercado é urgente, seja no levantamento dos indicadores da área, seja na busca de alternativas para a sua sustentabilidade e produção. Além disso, não podemos ficar reféns das políticas públicas. Nossa ação política, enquanto agentes da dança precisa neste momento ser muito mais propositiva e compartilhada.

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  8. Pensando num estado paternalista medieval, como o grande provedor e regente de tudo, de um lado, e por outro um mercado contaminado pelas leis vorazes de consumo e regido pela mídia, não vislumbro muita esperança, A CURTO PRAZO. Não vou destilar tanto esta questão pra não ficar no "mais do mesmo", alguns colegas ja se posicionaram muito bem em relação a isso.
    Tenho pensado muito por uma outra perspectiva, que é a da educação e da formação de público. Sabemos da precariedade que é o ensino de arte em nosso país e, saindo do âmbito escolar, percebo que o publico de dança contemporânea ainda é pequeno, e muitos olham a dança com certa restrição.
    Achei esta colocação do Rui bastante pertinente "Uma revisão social e uma atualização de conceitos sobre a difusão e profusão das artes seguramente nos mostrará outros caminhos por onde estão se dando os processos de geração dos recursos que movem a economia dos setores da cultura." É tudo uma reação em cadeia. Se queremos criar mecanismos de sustentabilidade que independam das ferramentas governamentais, há de se pensar estas questões anteriores, como apontadas acima e vislumbrar, com paciência e muita persistência, resultados para longo prazo. Praticamente prever uma "revolução". Caso contrário, estaremos sempre presos às questões pontuais e avançaremos pouco ou quase nada nesta busca.

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  9. Solange, estamos aqui em Porto Alegre, trabalhando e discutindo essas e outras questões da dança. Também faço parte do coletivo de artistas de dança da sala 209, onde dividimos funções, entre dançar, produzir, realizar curadorias para residências na sala, mostras; ensino da dança e composição coreográfica etc.
    São urgentes as questões e é necessário falar abertamente. Sim, e é igualmente urgente delinearmos outros modelos de ação, atuação e sustentabilidades na dança. A criação de redes de artistas e produtores, para além de editais, é uma opção que tem movido nossas ações por aqui. Cada um tem opção de fazer e gerenciar suas criações como bem entender; minha opção como artista sempre foi "dar vez ao que surge" a partir de meu corpo - e problematizar isso; colocar na roda. Jamais abandonar, por pensar "isso não caberia ali, naquele edital". Li algo muito interessante do Luis Augusto Fischer, escritor: "o politicamente correto está matando a arte". O que ele queria dizer com isso? Falava de literatura e de modelos "transgressores" e de "vanguarda", há tempos já legitimados pelo mercado... Temos muito o que aprender e fazer. Vamos discutindo e trocando ideias.
    LUCIANA PALUDO (PORTO ALEGRE)

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  10. Agradeço a todos os colegas da classe artística que estão participando desse movimento em prol da mudança da situação estrutural da Dança em São Paulo. O desejo de mudança, e sua concretização, que interfere diretamente na mudança também de sua situação no país, só pode existir, em minha opinião, por percebermos as mudanças gerais no país, pelo timing glocal, metropolitano e digital.

    Agradeço aos artistas e gestores/produtores/agentes da Dança porque acredito que este não deveria ser o trabalho deles, mas o trabalho de seus representantes de Estado. Por consequência, existe uma “luta”. Luta esta que se estende no campo da terra, da alimentação, da segurança preventiva etc etc - outros quesitos fundamentais que deveriam ser responsabilidade do Estado.

    Considerando a extrema falta de estrutura de trabalho, a insegurança, o desrespeito e a falta de dignidade que o Estado brasileiro, representado neste caso pela atual prefeitura de São Paulo, oferece aos seus cidadãos é que venho me posicionar.

    Como sou uma artista que viaja muito – e que “Deus abençoe” – gostaria de participar das reuniões via digital. Ou seja, caso alguém se prontifique em levar um laptop com rede no dia 27 de janeiro, às 14 horas, eu farei parte dessa nova reunião.

    Venho participando de movimentos, reuniões, palestras e inúmeras discussões com artistas da dança em torno da estrutura. Muitos pontos foram levantados.

    Vou ser bastante direta:
    A LÓGICA DA DANÇA CONTEMPORÂNEA NÃO É E NUNCA SERÁ MERCADOLÓGICA.
    POR ISSO, CASO EXISTA O INTERESSE DO ESTADO BRASILEIRO DE QUE A DANÇA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA FAÇA PARTE DE UM QUADRO CULTURAL DESSA CULTURA, NÃO SE DEVE ESPERAR SUSTENTABILIDADE. ASSIM COMO NÃO SE ESPERA DE UMA ESCOLA, NEM DE UM HOSPITAL PÚBLICOS.

    O ARTISTA É A INSTITUIÇAO NÃO BUROCRÁTICA E NÃO INSTITUCIONAL, TOTALMENTE PÚBLICA, DE UMA CULTURA. É O MOTOR DA COGNIÇÃO, DA PESQUISA E DA IDÉIA. DA INSPIRAÇÃO E DA VITALIDADE.
    ESSE DISCURSO DEVERIA SER CONSIDERADO UM A PRIORI REDUNDANTE.

    Nesse momento de busca de UNIÃO da classe, valorizando as diferenças estéticas e de visão de mundo dos artistas que se associam, o que se detecta é um problema de incompetência de gestão estadual, misturada com um jogo de forças de um pensamento de direita que nunca entendeu e nunca entenderá o local democraticamente republicano da gestão das Artes, aliada a uma dificuldade cultural brasileira em EXIGIR COM TRANQUILIDADE o que é de direito, corroborando para a perversidade do paternalismo.

    O que a polícia fez com os estudantes há uma semana atrás é a resposta de qualquer tentativa sobre fomento e não fomento. Existe um coronelismo impune. Antes de mais nada, espera-se a espontânea manifestação do prefeito, do governador e porque não dizer da presidente sobre essa ação sem vias de dúvida INCONSTITUCIONAL. Como isso não aconteceu, espera-se a pressão civil pela manifestação de pesar, promessa e cumprimento de retaliação da polícia pelo prefeito, no mínimo. Acontece? Não. Acontecerá? Não. E por quê? Impunidade, abuso, desmerecimento, crime? Respondendo esta pergunta, responde-se também várias delas relacionadas ao financiamento da arte da Dança em São Paulo.

    O acolhimento da prática do Artista só existe em países onde o desenvolvimento educacional e humano é prioridade e manter esse acolhimento é uma constante lapidação do trogloditismo inerente ao ser-humano em estado bruto. É só observar a Grécia, a Itália, a França.

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  11. PARTE II
    O Brasil esta caminhando para todos os lados e por isso acho que é SIM, POSSÍVEL desenvolver agora e já uma política pertinente para o financiamento da dança.

    Essa crise do fomento poderia servir, na minha veemente opinião formulada há anos e em vários contextos, para uma mudança de paradigma, uma mudança radical. A mudança da saída de EDITAL em direção às BOLSAS ARTISTA e também BOLSA GESTOR.

    A BOLSA ARTISTA viria valorizar o trabalho do artista pelo que ele é e desenvolve mesmo no seio de um grupo, que é formado por vários artistas em estágios diferentes. A BOLSA GESTOR, viria liberar o artista de reter sua atençõ em uma burocracia que não lhe pertence.

    Existe um projeto discutido por muitos artistas e que deveria servir de base para desenvolvermos uma proposta pra gestão atual que considera o artista como o gerador e estimulador do espelho cultural de todas as áreas sociais, como cidadão de caráter público.
    Na minha mentalidade, eu proponho:

    1- Mudança do paradigma perverso do edital verso bolsas-artista;

    2- Exigência de representação artística múltipla (3 ou 4 artistas de linhas de pesquisa diversas) na Secretaria;

    3- Lei que EXIJA acesso ao secretariado e mudanças pertinentes e adequadas à realidade mutante da situação da dança;

    4- Desburocratização do financiamento;
    É o que eu penso.

    A mudança de mentalidade é um processo que cabe também aos artistas. Não sinto ainda, aqui no Brasil, uma noção de causa. A cada tentativa existe uma retaliação chata e birrenta, esse desgaste pode ser evitado e acho que começamos isso. O meu trabalho, por exemplo, ainda não é considerado como “dança”, por que ele não corresponde às experiências de alguns colegas de classe. Ou seja, é difícil, a ver, impossível, pensar uma política para a dança baseando-se na própria experiência, visão de mundo e interesse, que é exatamente o que o Estado faz.

    Enfim, o caso é jurídico e de mudança de paradigma.

    UMA proposta de projeto de residência artística no Estado de São Paulo, com o foco em bolsas-artista, que traz consigo uma proposta democrática de circulação de representantes de gestão e de comitês de avaliação está aqui no meu computador. E foi escrito, pensado e repensado por artistas da classe.
    Podemos colocá-lo em prática?

    Um beijo,

    Sheila Ribeiro

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  12. Não é possível pensar os editais além da dança.
    Partindo do início: a dança veio antes dos editais.
    Sem a dança, esses esditais não terão o que incentivar, fomentar. O que é um fomento no qual ninguém se inscreve?
    A dança não só pode acontecer sem os editais, como deve acontecer. Estes mecanismos existem, a meu ver e, teóricamente, para colaborar para a produção em dança, manutenção e pesquisa da linguagem, não como substitutos de toda fonte de renda e produção em dança.
    São ferramentas a serem utilizadas e não muletas.
    Faço parte de um núcleo artístico relativamente novo, 4 anos, mas que estreou por iniciativa própria, por querer, por ânsia de dançar. Desde então aprendi algumas coisas sobre gestão cultural, como vender, editais, leis, e seja mais o que for que temos que estar sempre ligados, mas, em nenhum momento escrevo um projeto, inscrevo o núcleo em algum edital, pensando que minha idéia só será realizada no caso de aprovação.
    Pois digo que se não consigo a verba daqui, consigo dali, acolá, parcerias, apoios...
    Meu objetivo não é ser aprovada no fomento, mas realizar minha idéia, colocar meu produto para circular, pesquisar, discutir, aprender, transformar meu conhecimento e colocar outra idéia em prática.
    Sonhadora? Não sei... mas acho que sou meu principal fomento, meu incentivo maior. Eu realizo meu objetivo, basta querer, saber usar as armas que tenho ao meu alcance.

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  13. É possível se pensar a dança além dos editais. É o que estamos fazendo. E fazemos dança com os editais, também. Estamos trabalhando. O que acontece é que chegamos ao limite, creio, de abraçar a precariedade e escondê-la entre os braços. Não é possível continuar dessa forma. Acredito que nesse momento, em que a classe fez um movimento para além de seu espaço vital, alguma coisa poderá se mover.

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  14. A dança já é pensada para além dos editais começou sem eles e na maioria dos casos acontece sem eles, bastava fazer uma pesquisa que elencasse todas as ações desenvolvidas em dança no Brasil e identificasse quantas são apoiadas por editais públicos ou privados. Tenho a impressão que o resultado seria óbvio, mostrando que uma porção significativa das ações desenvolvidas em dança no país não possui apoio de editais, principalmente daqueles provenientes de leis de incentivo.
    Desta forma defendo o ponto de vista da dança ser pensada para além dos editais, mas não abdico do pensamento e tendência da mesma continuar a ser financiada por editais.
    Pensar a dança para além dos editais de incentivo é necessário, pois os editais e seus avaliadores não são nossos clientes e nossa arte não é um produto, em meu ponto de vista nem temos clientes, porém, negar os editais como opção de financiamento é demasiada ousadia.
    Como vamos buscar a profissionalização, pagar prestadores de serviços, investir em tecnologia, em formação de interpretes, sem recursos e sem financiamento?
    Claro que o caminho da sustentabilidade seria o ideal, ou seja, criarmos nossos espetáculo e ter a certeza que teríamos público suficiente para cobrir os custos de produção e pagar o salário dos interpretes e equipe, e ainda sobrar uma porção para investimento. Infelizmente não é tão simples assim, tente fazer o ponto de equilíbrio financeiro de uma grande ou média Cia Brasileira para a produção de apenas 1 espetáculo, ou seja, saber quantos convites (produtos) precisariam ser vendidos para o espetáculo se pagar, ser auto-suficiente, sustentável mesmo correndo riscos. Levando em conta o preço médio de mercado dos convites.
    Penso que o resultado da divisão não será animador em grande parte dos casos. Por este e outros motivos é que acredito que os editais são uma ferramenta poderosa para realizar financiamento de nossos projetos, de levar dignidade e respeito a nossa arte.
    É inegável que os mesmos precisam ser melhorados, os critérios precisam ser definidos com mais clareza, a periodicidade deles precisa estar pautada em projeto de lei que garanta a sua perenidade para não se tornar em mais uma manobra politiqueira e eleitoral dos “gestores” públicos, em fim, a formatação destes editais precisa ser discutida, avaliada e re-avaliada pela sociedade civil, para que os direitos dos interessados sejam preservados e respeitados.

    Pensar a dança, a arte, para além dos editais SIM. Negar os editais como possibilidade real e eficaz de financiamento, NÃO! Repensar o modelo dos editais e seus critérios, NECESSÁRIO!

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  15. Não só possível, mas necessário. Não é apenas uma questão de pensar em sustentabilidade. A política dos editais se relaciona diretamente com a produção estética, e isso é algo importante a se pensar! A arte se torna refém dos editais? Há manobras necessárias que são usadas pelos artistas para escaparem disso? Numa época em que se fala tanto em processo, o discurso teórico se identifica com o discurso artístico prático?
    Como tem sobrevivido a dança fora de São Paulo onde há poucos editais e, esses poucos editais disponibilizam uma verba ridiculamente pequena para contemplar um maior número de projetos?
    A dança existe sem os editais e tem existido desde sempre.
    Uma questão que me vem à cabeça, dentre tantas, é a necessidade de formação de público. A necessidade de educação do público, no sentido de educar os sentidos, dar possibilidades à sensibilização. Isso deve ser aprendido e apreendido e, para tanto, deve ser ensinado. Acho que necessitamos de políticas públicas voltadas à arte nas escolas, no processo de formação do indivíduo. Isso faz a arte NECESSÁRIA. Deixa de ter a função de entretenimento e passa a ser um meio de exercitar a cidadania, de se colocar política e sensivelmente frente ao mundo.
    vanessa macedo

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  16. Oi Solange.
    Que maravilhoso colocar este debate e lutar para fazê-lo ao vivo!

    Bem, complicado mesmo pensar neste momento o fazer e pensar dança além dos editais existentes e aqueles que estão no papel ainda.

    Sem dúvida nenhuma que o crescimento que tivemos com o advento dos editais nos âmbitos, nacional , estadual e em pouquíssimos casos o municipal é indiscutível, mas refletimos e já é acordo que não suportam mais a demanda do crescimento do profissionalismo da dança.

    Este fazer sem editais passas por processos sociais e educacionais de nossa sociedade que vão além do que queremos dos nossos governantes, temos que nos entender como agentes transformadores. Entender que a dança como qualquer outra manifestação artística é e tem que ser um direito primordial em nossa constituição, assim teremos mais visibilidade no momento das discussões políticas, das verbas, das conversas de roda de bairro, de escola ,nos salões de beleza, supermercado e daí por diante, sem esta dura luta por um lugar na convivência humana.

    Assim, acredito que conseguiremos correr com o fazer dança sem editais. Mas por enquanto temos que usá-los para alcançarmos este ponto.

    Grande abraço

    Sacha Witkowski
    Colegiado da Dança - GO
    Festival Diagnóstico da Dança

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  17. Oi querida Solange! Salve!!!

    Depois de refletir varios dias sobre pensar na danca alem dos editais, aqui vai minha resposta:
    - ate o presente momento acredito que sim, pois e o que eu e muitos outros artistas estao fazendo, individualmente e possivel. Mas por outro lado acho dificil manter ou "quase impossivel", por exemplo uma companhia de danca com uma adequada infra-instrutura sem verbas, sem editais, sem apoio. Isso seria o ideal! Acho que por esta razao muitos dancarinos acabam fazendo solos, por falta de verbas que suportem mais artista com um mesmo ideal. Uma outra questao que foi colocada que acho fundamental: E muito importante pensarmos em auto sustentacao artistica, para nos livrarmos de vez de uma "certa" condicao partenalista que talvez tendemos, mas por outro lado nao podemos deixar de sempre focarmos que o poder publico tem obrigacao de dispor de verbas para a cultura e isto inclui a sagrada danca. Ate o presente momento nao tenho uma ideia ou sugestao para esta grande proeza, mas talvez este dialogo que estamos tendo aqui fomente algo que permita isso! obs. desculpe as faltas de ascentos nas palavras..nao estou no Brasil e o computador nao tem esses ascentos...)


    Um beijo grande no coracao!

    Estelamare

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