DIA 16 DE NOVEMBRO ESTIVERAM PRESENTES NA CÂMARA DOS VEREADORES DA CIDADE DE SÃO PAULO MAIS DE OITENTA PROFSSIONAIS DA DANÇA EXIGINDO A AMPLIAÇÃO DE RECURSOS PARA O PROGRAMA DE FOMENTO À DANÇA, TRANSPARÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS E AMPLIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE DANÇA A FIM DE ATENDER A DEMANDA EXISTENTE NA CIDADE.
MOMENTO DE FESTEJAR MAIS UMA VEZ A MOBILIZAÇÃO DA DANÇA PAULISTANA !
MOMENTO TAMBÉM DE ESTARMOS ATENTOS !
ESTAMOS EM FASE DE VOTAÇÃO DO ORÇAMENTO PARA 2012. O MOMENTO É ESSE. A HORA É AGORA ! NOVAS MOBILIZAÇÕES VEM PELA FRENTE ! PARTICIPE !

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11 novembro 2010

COMISSÃO DE FOMENTO À DANÇA: TER OU NÃO SER...EIS A QUESTÃO ???

Abro aqui mais uma discussão que me parece necessária e urgente. Antes, quero destacar que coloco-me como artista da dança, arte-educadora, e principalmente produtora cultural e observadora atenciosa das dinâmicas que se revelam e desvelam a cada momento no universo da dança paulistana. Já me envolvi diretamente com 3 companhias de dança contempladas em edições anteriores do fomento e hoje encontro-me envolvida com 2 cias. de dança recentemente contemplada pelo último edital, sempre na função de produtora. Também já fiz parte da comissão de avaliação do fomento em dois momentos, além de ter integrado outras comissões de outros editais. Acredito saber um pouco do que significa essa tarefa inglória. E antes que alguém diga, quero declarar sim que estou, de uma certa forma, tomando as dores da comissão de fomento à dança da 9ª edição. E tomo as dores porque conheço os profissionais ali envolvidos e sei da idoneidade de todos, o que não me isenta de ver também as suas fragilidades. Mas acima de tudo quero que essa discussão nos possibilite criar soluções possíveis para um impasse que se anuncia: em breve não teremos mais ninguém que ouse fazer parte de sequer alguma comissão de avaliação dos projetos de fomento à dança, porque ninguém em sã consciência desejará ficar exposto à um circo de horrores, onde um desqualifica o outro e além de também desqualificar o um.
Mas aviso, não sou a dona da verdade, e nem tenho essa pretensão.
Coloco-me apenas como uma profissional que tem se envolvido com as questões das políticas públicas para a cultura não apenas na cidade de São Paulo, mas tb numa instância estadual e federal. Quem me conhece sabe da minha militância, dos meus posicionamentos, e dos meus enfrentamentos. Nunca pretendi esconder isso de ninguém, ao contrário. Tenho estimulado a categoria à participar de movimentos que busquem uma reflexão mais aprofundada e qualificada das nossas condições como trabalhadores da cultura. Com tudo isso, sei que tenho o respeito de alguns companheiros da dança mas sei também que alguns (poucos, espero) não compreendem esse meu posicionamento. É o jogo no qual estamos todos submersos, e precisamos também saber lidar com isso. Eu, principalmente.
Quero abrir então uma discussão sobre a importância das comissões de avaliação de projetos, principalmente quando essas comissões são eleitas pela categoria - fato inédito no Brasil, inaugurado apenas com a Lei de Fomento. Meu ponto de partida são as devolutivas elaboradas pela última comissão, mas o assunto não se esgota aí.
Tenho plena convicção da importância das devolutivas de toda comissão de avaliação de projetos, é uma reivindicação da classe artística inclusive. Mas é importante percebermos também que ter que reduzir em breves palavras uma discussão tão potente e qualificada sobre cada projeto durante os dias em que ocorreram os trabalhos da comissão é um ato insano e jamais daria conta da complexidade desse fazer. Traduzir em palavras porque esse projeto será contemplado e porque esse projeto não será, não é tão simples assim. Pelo menos pra mim. E não demanda apenas tempo, demanda outras capacidades e habilidades que não foram requisitadas anteiormente. E, sinceramente, é muito fácil se perder em palavras.
Vi também com um certo estranhamento as considerações contidas na devolutiva, mas principalmente, considerei inadequado a forma como ela foi divulgada, ou seja, abrindo as devolutivas para todos os envolvidos nessa edição do fomento. Isso já tem sido feito em outras edições do fomento, mas talvez apenas agora a gente se deu conta dessa fragilidade.
As considerações contidas na devolutiva deixam margem à uma interpretação distorcida sobre o teor de cada projeto, uma imagem tb distorcida dos propósitos de cada núcleo, e principalmente desqualificam as pessoas envolvidas na comissão pois sugerem que não se debruçaram sobre cada projeto tal como deveriam, pela responsabilidade dessa função. E tenho certeza que não é isso o que aconteceu.
O fato de escolhermos/elegermos pelo menos 3 profissionais para compor a comissão do fomento, procedimento que de início era considerado saudável e democrático, passou a ser considerado um jogo também de poder que estabelecemos internamente entre nós mesmos (classe artística). Nas últimas edições do fomento à dança, temos poucas opções de pessoas que julgamos qualificadas para tal. E vale aí outro questionamento: o que seria uma pessoa qualificada para tal ? Melhor ainda: quando é que vamos deixar nossos melindres no saco, e abrir essa discussão de uma vez por todas. Sim, porque nunca fizemos isso de fato. Fizemos ? Ah...tínhamos ensaio naquele dia e naquela hora, não ?
Outro ponto que quero levantar aqui para também alavancar discussões: vejo com muita apreensão o fato das Universidades terem a possibilidade de indicarem representantes para essa comissão, porque não vejo a Universidade (PUC e Anhembi Morumbi) envolvidas nessa discussão ou em qualquer outra discussão sobre políticas públicas para a dança, a não ser talvez as discussões que devem ocorrer dentro da própria universidade e que certamente não reverbera no nosso meio.
Mas não posso deixar de constatar que temos questões sérias no item 'representatividade da categoria'.
Mobilização Dança ? Cooperativa de Dança? Sindicato de Dança? PUC ? Anhembi Morumbi ?
Nos ausentamos também dessa discussão, não ?
Sugeri inúmeras vezes em reuniões abertas que deveríamos adotar um procedimento que o teatro adota:
a. realizar reuniões presenciais para discutir cada nome que estamos indicando para compor a reunião
b. após a comissão ser composta convidá-la para 3 reuniões, uma antes dos trabalhos inciarem, outra durante e a última após a divulgação dos resultados. Reuniões onde poderíamos esclarecer inúmeros aspectos nebulosos que permeiam o edital, a lei, e a nossa interpretação disso tudo.
Penso que dessa forma, estaríamos tb capacitando e qualificando essa comissão. No entanto, não conseguimos nos articular para que isso aconteça. Os nomes são indicados sempre às pressas, e o nosso único critério quase sempre acaba sendo, se o profissional vai concorrer ou não ao fomento.
Quando consideramos que a comissão, seja ela qual for, não tem a compreensão devida do que representa a LEI DE FOMENTO À DANÇA, pergunto-me: QUEM TEM ? Talvez 10% daqueles que concorrem ao fomento sabem o que representa essa lei, como ela foi criada, porque ela foi criada, e o que é pior, muitos entendem que o edital é a lei ou que a lei é o edital, ou ainda, como já ouvi de colegas da dança: "...será que não dava pra transformar o edital de fomento à dança numa lei, assim como acontece com o teatro ?"
Bem, temos sim inúmeras questões à serem resolvidas internamente e a devolutiva dessa comissão de avaliação abre mais uma ferida, somando-se à tantas outras:descompromisso da categoria com a própria categoria, descompromisso da categoria com as conquistas consolidadas por meio desta lei, total desconhecimento do histórico dessa lei, falta de discernimento do quanto essa lei foi descaracterizada desde a primeira edição, falta de compromisso político com nós mesmos, com a cidade, com o país.
Penso também que a indignação de muitos de nós em relação à devolutiva nos possibilitou ver refletido no espelho nós mesmos (Eu sou o outro em mim) e as condições ainda indignas em que nos encontramos, fazendo-nos degladiarmos entre nós, fazendo-nos esquecer que a nossa luta é outra: é pela preservação da lei de fomento à dança, pelo seu aprimoramento, pela sua ampliação, por uma dotação orçamentária digna que dê conta da demanda e das reais necessidades das companhias e dos núcleos artísticos, por uma relação democrática com a Secretaria Municipal de Cultura que se nega a ver a importância dessa lei, criando a todo momento impecilhos estratégicos dificultando nosso fazer artístico.
Por fim, expresso aqui o meu respeito à classe artística e aos membros da comissão e quero muito que as nossas relações amadureçam mediante os impasses provocados pela devolutiva, da mesma forma que quero muito que a classe artística se mobilize de fato dentro de um coletivo maior.NÓS SOMOS OS AUTORES DA AUTORIDADE E AS POLÍTICAS APENAS SÃO LEGITIMADAS PELAS PESSOAS.
Solange Borelli

9 comentários:

  1. Resposta de Fábio Brazil:

    Parte 1

    Olá Solange, vamos a mais uma sessão de “concordar discordando e discordar concordando”

    Concordo com quase todas as suas colocações sem qualquer reparo à maioria delas – algumas até foram objeto de nossas conversas em de “pé-de-ouvido” nas muitas assembléias que estamos freqüentando...

    Vou discordar em alguns pontos, mas que acho fundamentais.

    O primeiro é sobre sua colocação:

    “tomando as dores da comissão de fomento à dança da 9ª edição. E tomo as dores porque conheço os profissionais ali envolvidos e sei da idoneidade de todos, o que não me isenta de ver também as suas fragilidades”,

    Aqui encontro uma questão interessante para falar. Eu, de minha parte, no que diz respeito ao Caleidos Cia Dança, jamais coloquei a idoneidade de ninguém em pauta para essa discussão. O Caleidos Cia de dança manifestou-se duas vezes a respeito dos resultados, uma por meio de um documento postado em seu site e outra na reunião de devolutiva, em nenhum dos dois momentos foi sequer sugerido o assunto idoneidade.

    Idoneidade seria estar lidando com fraudes nos trabalhos de avaliação dos projetos - por exemplo, se algum grupo pudesse acrescentar nomes, materiais e propor metodologias novas de pesquisa que não existiam no projeto original durante os trabalhos da Comissão ou ainda o favorecimento de Cias de Dança que não tivessem comprovados três anos de trabalho enquanto grupo e a premiação tivesse sido por conta da biografia de um dos integrantes. Isso seria fraude e poderia trazer a idoneidade para o rol da discussão. Mas não aconteceu, concorda?

    Casos como esses, se tivessem existido no âmbito da Comissão, seriam fraudes, e trariam ao rol da discussão a questão da idoneidade da Comissão. Idoneidade está e esteve sempre fora de questão. O Caleidos jamais colocou em pauta a questão da idoneidade, até por conhecermos também a maioria dos integrantes da comissão.

    Nossas falas e documentos sempre se pautaram por três pontos: os princípios da Lei de Fomento, a Leitura que foi feita de nosso Projeto e as idéias expressas na devolutiva escrita. Importantíssimo aqui destacar que em nenhum momento foi sugerido que os resultados não sejam lícitos, que os contemplados não sejam merecedores e que a comissão não fosse soberana. E principalmente, nunca foi dito que o Caleidos deveria ser contemplado; disse e repito: a comissão, pelo que se denota do que respondeu na devolutiva do Caleidos, desconhece os princípios da Lei de Fomento à Dança, feriu seus princípios e fez uma leitura bem pouco atenta do Projeto apresentado. O nosso documento é pautado nisso.

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  2. Resposta de Fábio Brazil
    Parte 2
    Outro ponto que acho fundamental:
    “em breve não teremos mais ninguém que ouse fazer parte de sequer alguma comissão de avaliação dos projetos de fomento à dança, porque ninguém em sã consciência desejará ficar exposto à um circo de horrores, onde um desqualifica o outro e além de também desqualificar o um.”
    Uma pena você não ter estado presente na Reunião de Devolutiva da 9ª Comissão. Não foi, de modo algum, um “circo dos horrores” ou houve qualquer desqualificação de ninguém: nem da comissão, nem de trabalhos contemplados. Ninguém saiu para o ataque pessoal, Solange. Mesmo aqueles que tinham motivos para tal: João Andreazzi, Artesãos do Corpo, José Maria Carvalho, Fernando Lee, Caleidos e outros. De parte do Caleidos, sequer o documento produzido – demonstrando: falta de leitura do projeto, desconhecimento da Lei e colocações contrárias ao espírito da Lei – foi utilizado. Ali, tomei uma postura simples e firme: defender a Lei de Fomento à Dança e principalmente pontuar que a Comissão pode ser soberana nos resultados, mas que os raciocínios que expressou nas devolutivas não podem ser soberanos pois estão errados e são contraditórios com a letra e o espírito da Lei.
    Ninguém atacou a Comissão ou a desqualificou. Ela - a Comissão - é que se desqualificou por meio de suas devolutivas incongruentes com a Lei e com os Projetos apresentados pelas Cias de Dança. Se a Comissão não se responsabiliza pelo que lê e pelo que escreve isso a desqualifica por si e não pelas palavras que apontam essa ausência, “ se o Rei está nu, não adianta mandar calar o menino que nos alerta”, Solange.
    A Comissão não errou por suas escolhas, errou profundamente pelo raciocínio – incongruente com a Lei – que regeu suas escolhas segundo se vê nas devolutivas.
    Caso pensemos ao contrário – que as devolutivas escritas não espelham os raciocínios que levaram às escolhas - a situação só piora: então quais teriam sido os raciocínios inconfessáveis e que não estão escritos nas devolutivas?
    Sim, temos que acreditar que aquilo que se lê nas devolutivas é o espelho lógico do raciocínio que regeu as escolhas, pensar diferente seria lançar dúvidas sobre a Ética da Comissão, algo que não podemos, nem devemos fazer.
    Acreditar que as devolutivas escritas não espalham os raciocínios que regeram as escolhas, seria o mesmo que afirmar que houve “escolhas pessoais e ao sabor das afinidades, invejas e personalismos” e que depois se escreveu “qualquer coisa” só para justificar esses horrores éticos. Jamais podemos pensar em tais idéias. A devolutiva espelha sim o que pensa e sabe a Comissão sobre Dança e sobre Políticas Públicas. E isso sim a desqualifica, por esse raciocínio expresso nas devolutivas não estar em consonância com a Letra nem com o espírito da única Lei construída por artistas a parlamentares para o financiamento da continuidade da pesquisa em arte nesse país – é isso que a desqualifica, o fulcro lógico que se depreende de sua devolutiva escrita e não qualquer palavra que tenha soado mais forte no calor do debate.

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  3. Resposta de Fábio Brazil
    Parte 3
    Ainda outro ponto:
    “Vi também com um certo estranhamento as considerações contidas na devolutiva, mas principalmente, considerei inadequado a forma como ela foi divulgada, ou seja, abrindo as devolutivas para todos os envolvidos nessa edição do fomento.”
    Discordo em gênero, em número e em grau! Acho importantíssimo, acho fundamental, acho essencial, acho condição sine qua non que as devolutivas sejam abertas a todos. É uma questão de Justiça, de retidão e de compromisso com princípios iguais para todos.
    Solange, para mim, você está completamente enganada nesse sentido.
    Tentarei explicar meu ponto de vista.
    A Comissão, essa comissão, qualquer comissão não pode agir – espero em Deus – por impulsos pessoais, por inflamações individuais, por idiossincrasias íntimas, por veleidades interiores, por rasgos sentimentais e personalistas. Se essa assim se houve, pior para ela. Eu, pessoalmente não creio e não quero crer nisso.
    Qualquer Comissão, a do 9º Edital inclusive, é um grupo, é um consenso, é uma entidade que formula suas convicções por meio do debate e aponta e responde por decisões soberanas – quer dizer: únicas, sem contrapontos ou margens de apelação. A resposta de uma Comissão espelha uma fala única construída por meio de seus trabalhos avaliativos.
    Sendo assim, não importa e não deve importar a ninguém as opiniões individuais de cada um dos membros, ela é absolutamente irrelevante após os resultados. Ninguém pode esconder sua consciência atrás da “bala de festim que há entre as balas de um fuzilamento”. O Resultado é um só e sem margem de apelação.
    É justamente por isso, justamente por esse motivo, somente por esse motivo que a fala da comissão deve ser tão ampla, tão reconhecível e tão soberana quanto a Lei e os Editais. A devolutiva pública sobre cada um dos projetos é a única garantia possível de se reconhecer qualquer equanimidade no julgamento dos projetos. É a única garantia possível para se dirimir qualquer pessoalidade no julgamento, qualquer escolha ou não-escolha pautada por afinidades pessoais. A comissão acerta e erra em bloco. A Lei é igual para todos, o Edital é igual para todos, as devolutivas devem ser do conhecimento de todos, pois é a única forma de podermos saber se o raciocínio que conduziu a escolha ou a não-escolha foi o mesmo para todos. “Coisinhas escondidinhas” para um e para outro é margem de futricas e desmandos éticos e morais; “coisinhas escondidinhas” para um e para outro pode lançar os tais “critérios adicionais” que a comissão estabelece num mar de “caso a caso” personalista e imundo seja para escolhas ou não escolhas.
    Está aí um ponto em que vejo uma evolução e um ganho a partir dos trabalhos da Comissão do 9ª Edital. Tiro meu chapéu e deu-lhes parabéns! Jamais vou concordar com seus raciocínios e com sua conduta na leitura dos projetos, mas foi um ganho imenso saber, poder reconhecer, poder vislumbrar o que – em conjunto – pensou e deliberou a Comissão para todos os projetos. Posso e vou questionar sempre os raciocínios expressos por essa comissão, mas só pude conhecê-los por ter acesso ao conjunto das devolutivas. Isso é um ganho e deve permanecer, se a Comissão é uma entidade única em seus resultados, precisa e deve ser única na sua voz e essa voz deve ser pública, tão pública quanto a Lei e o Edital.
    O resto concordo com quase tudo...
    Beijos e obrigado por ofertar esse espaço de reflexão.
    Fábio Brazil.

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  4. Solange, entendo vc e concordo com muita coisa diz.
    Mas o procedimento da comissão foi imperdoável, não consigo ver de outra forma, além de ser solidário com os companheiros da dança (apesar de achar que nem todos mereçam) Tb me senti atingido!!
    Fiquei assustado com a inadequação de algumas devolutivas, mais parecendo comentários de diretores de marketing ou de gente do poder público, com uma visão artística em relação ao fomento que beira a mediocridade, digo mais, não sei se devolutivas é o melhor caminho, porque será sempre assim ”nós da comissão achamos isso, nós achamos aquilo, etc” - todo mundo acha tudo e esse tudo não tem a mínima relevância neste mundo.
    Talvez fosse melhor e mais digno dizer: “Seu projeto não foi contemplado, porque havia propostas melhores que a sua”
    Outra coisa, fiquei indignado por entender que as comissões são soberanas sim e compostas por pessoas qualificadas sim, disso eu não nunca tive dúvidas, daí a minha grande expectativa em torno dela.
    É preciso ter muito cuidado com comentários sobre projetos não contemplados porque os egos quase sempre vão estar feridos. Ela (comissão) expressou em seus comentários um pensamento muito perigoso, mesquinho e alienado.
    Não estou aqui para defender este ou aquele, pq é sempre assim, quando se ganha está tudo certo, mas quando se perde o mundo desaba e aí querem discutir os problemas.
    Quanto a comissão:
    Quando não se tem nada a dizer é melhor se calar ou então assuma as conseqüências.
    Abraço
    Sandro

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  5. Importante não esquecermos que três membros da comissão foram indicados por entidades representativas da dança na cidade de SP. Yáskara Manzini foi uma indicação do Mobilização Dança, Zé Renato da Cooperativa de Dança e Gabi Imparato pela PUC. Então cada 'entidade representativa' é co-responsável nesse processo de avaliação, e não poderia sob hipótese alguma deixar de abrir um diálogo direto com essas pessoas antes de dispararem comentários que vieram sim junto com a mágoa de não ser contemplado. Essas pessoas estavam lá representando cada entidade que os indicou, e aí, acredito que precisamos começar a olhar de fato para uma outra questão: a representatividade da dança na cidade de São Paulo. Acabo de receber a resposta de um outro edital que concorri (Votorantim) e não fui contemplada como muitos outros que já participei. Mas chamou-me atenção um procedimento específico deles: eles não abrem a devolutiva de cada projeto publicamente. Pedem que se vc quiser mais detalhes, envie um e-mail e eles detalharão os motivos que fizeram vc não ser escolhido. Isso não fere os princípios da lei, e nem me parece 'coisinha escondinha'.Preserva meu projeto e a mim. Em relação ao Fomento, não esqueçamos que existe uma ata pública de cada edição do fomento e que todos os projetos aprovados ficam expostos na SMC. Poucos tem interesse em ler essa ata. Pouco tem interesse em ver o conteúdo de cada projeto. E considero importante que os projetos não aprovados não fiquem expostos. Não foi aprovado, ponto final. Não considero o procedimento da comissão imperdoável, considero imperdoável a postura da classe artística (dança) nesse assunto e em muitos outros. Ainda estamos na fase embrionária das relações entre nós, com o poder público e com a sociedade. Será que é uma característica própria da dança ? Ou da Dança de São Paulo ? Fábio, continuo discordando de vc em inúmeros pontos q. vc levanta nesse blog e tb nas conversas 'ao pé de ouvido' como vc mesmo diz, mas nesse momento não quero polemizar mais além daquilo que já polemizamos. Quero sim ver nesse blog outros posicionamentos, com outros pontos de vistas, outros protagonistas participando. Infelismente poucos se posicionam publicamente, preferem se esconder atras de um ou outra fala imaginando que com isso estão sendo poupados. No mais, cresceremos se nos colocarmos dispostos à ouvir o outro, principalmente quando o outro tem uma posição contrária. Aliás, podemos também começar a ser mais propositivos. Buscar alternativas. Deixar o 'eu' e o 'meu' um pouco de lado. Solange

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  6. Perguntas que podem ser feitas por um “trabalhador que lê” ao se deparar com o Manifesto de 10 de novembro de 2010, assinado pelo Movimento de Teatro de Grupo de São Paulo
 e pela Mobilização Dança:

    - Como que a Lei de Fomento ao Teatro de 2001 “recusa o modelo mercantil de produção, circulação e fruição dos bens culturais”??? Que modelo foi então adotado? É um modelo que conversa democraticamente com a sociedade, pensa nas necessidades dela, pergunta o que ela quer e pretende corresponder com tal expectativa, oferecendo espaço para uma “devolutiva” de todo o público (financiadores das artes) e refletindo sobre se tal projeto conseguiu cumprir com tais demandas artísticas que a sociedade tem; ou é um modelo que fica delimitado a projetos, utilizando-se de critérios específicos, muitas vezes questionáveis, para a distribuição de verbas, cumprindo seu papel somente como peneira, sem mais importância social que repassar o dinheiro e oferecer “democraticamente” a possibilidade que cada grupo realize o que quer, no máximo sendo fiscalizado para que não haja desvio de dinheiro?

    - O que são as “iniciativas inspiradas em valores radicalmente democráticos” ? São os núcleos artísticos que receberam recursos e os espaços culturais abertos? Todos os núcleos e os espaços estão inspirados em valores radicalmente democráticos? Como é possível ser radicalmente democráticos numa sociedade tão desigual? O que pode ser radicalmente democrático em uma sociedade concretamente desigual, antidemocrática, senão e somente uma simples idéia, uma vontade que não pode se concretizar?

    - As Leis de Fomento estão sendo atacadas pela administração da cidade de S. Paulo por que esta administração não quer iniciativas inspiradas em valores radicalmente democráticos? Por que é assim? Por que uma administração que tem seu poder legitimado por mais da metade da população de São Paulo negaria valores radicalmente democráticos? E se de fato a administração ataca as Leis de Fomento, isto não está de acordo com a opção “democrática” de mais da metade da população paulistana?

    - Por que o “mar fiscal burocrático que padroniza e estrangula” o pleno desenvolvimento dos grupos de dança e teatro não está de acordo com as fundamentações de um Estado “democrático” qualquer? Sendo a burocracia “um organismo hierarquizado, formando um corpo mais ou menos autônomo do controle popular, e que emana diretamente do poder público, subordinando-se integralmente a ele”, o problema da “democracia” não estaria nem no mar fiscal burocrático, nem na padronização, nem no estrangulamento. Onde está realmente o problema?

    - Quais são os interesses dos trabalhadores artistas? E o interesse do povo? Quem é o povo desta cidade? Como saber os interesses de todo o povo? Em nome de quem se fala do povo? E os interesses dos trabalhadores artistas e do povo são os mesmos?

    - O problema dos “acréscimos controladores” (editais ou decretos) é se forem instituidos ao sabor de interesses políticos, partidários, econômicos, fiscais, jurídicos, burocráticos? Portanto os “acréscimos controladores”, não são em si ruins, mas deveriam existir ao (com) sabor de…?

    Victor.

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  7. Vitor, as vezes penso que vc conhece bem pouco a produção teatral e coreográfica da cidade de SP proveninete dos projetos contemplados pelo Edital de Fomento. E quando falo da produção, falo tb do processo de trabalho de cada núcleo. Vou mais alem, desconhece os projetos já aprovados. Dispara inúmeras questões sem se aprofundar me nenhuma delas. Onde vc quer chegar exatamente ? Tens alguma proposta concreta ? Ou apenas exercita teu discurso ? Diz observar a dança, mas observa como ? De qual perspectiva ?

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  8. Solange, sou um espectador de dança e de teatro. Não vou a tudo o que acontece na cidade, e nem estou por dentro de tudo. Sou um comum espectador de dança e de teatro. Sei quase nada do processo de trabalho dos núcleos. E nem acho que eu deveria saber. Me preocupo com os produtos apresentados à sociedade. As minhas questões não são mecanismos de sofisma. Se pergunto é porque acho que as coisas não estão bem claras para vocês, e muito menos para mim. Se a minha suposta ignorância é suficiente para desqualificar as minhas questões é porque elas já não cabem aqui. Obrigado. Victor.

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  9. Cara Solange, meu nome é Marcelo, não faço parte da classe artística, apenas acompanho com interesse as apresentações disponibilizadas pela Prefeitura na Galeria Olido e no CCSP e busco aprender SOBRE (e não A) dança contemporânea por todos os meios possíveis. Isto posto, gostaria de dizer que muitas vezes me ponho a analisar - como alguém de fora e a partir das experiências de meus amigos - a questão da organização da Dança na cidade de São Paulo sob o aspecto da relação dos artistas com a sociedade, com o poder público (e suas constantes mudanças de rumo, de planejamento etc) e com os outros membros de sua classe - artistas da Dança. Observo as plateias, e muitas vezes noto que até metade chega a ser composta por pessoas do meio - ou seja, outros dancers, produtores, diretores etc. Isto que citei se relaciona com algumas questões que você expressou em seu comentário: a representatividade da Dança na cidade de São Paulo, e a questão "Ainda estamos na fase embrionária das relações entre nós, com o poder público e com a sociedade. Será que é uma característica própria da dança? Ou da Dança de São Paulo?". Gostaria que você desenvolvesse um pouco mais suas ideias, visões e opiniões a respeito, visto que você é uma pessoa experiente neste meio. Certamente, debater um pouco mais estas questões seria proveitoso para todos nós. Você poderia falar um pouco mais sobre o assunto? Agradeço a atenção, e também o espaço aberto que nos permite entender e dialogar mais acerca da questão da Dança nesta cidade inglória.

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